A Vodafone mostrou-se preocupada com as declarações de Paulo Neves relativas um eventual "fecho do mercado" na área de conteúdos. No que toca ao acordo com a Vodafone de partilha da rede de fibra, a Meo garante que é para cumprir.
A área de conteúdos é um "elemento fundamental" para a competitividade do sector de telecomunicações, sublinhou Cristina Perez, directora jurídica e de regulação da Vodafone Portugal, durante o 25º Congresso de Comunicações da APDC, que decorre esta quinta-feira, 26 de Novembro.
Razão pela qual a responsável ficou "preocupada" com as declarações de Paulo Neves, CEO da PT, no debate do Estado da Nação do sector de comunicações que decorreu na quarta-feira ano mesmo evento.
"Inferi das palavras do Paulo Neves alguma tentativa de estratégia de fecho do mercado, que não é boa para o país. É fundamental um olhar atento e crítico da Autoridade da Concorrência e da ERC (regulador dos media) para os conteúdos", apelou Cristina Perez.
Na quarta-feira, durante o debate crispado entre os presidentes executivos das três operadoras, o líder da Meo disse que queria ter "todos os conteúdos sejam úteis e os melhores para os nossos clientes", afirmou Paulo Neves.
Uma afirmação que não foi bem recebida pelos concorrentes: "Agiremos em conformidade quando virmos que temos um concorrente que pode ameaçar equilíbrio existente", disse Miguel Almeida.
Outro dos temas ‘quentes’ do debate prendeu-se com os investimentos e acordos de parceria de fibra óptica.
Questionada sobre a assimetria de regulação no campo da partilha de redes, a responsável da Vodafone disse que "não é um exercício fácil e, mais uma vez, tem a ver com procura". E aproveitou para relembrar: "Eu também invisto em fibra".
Na quarta-feira, o CEO da operadora, Mário Vaz, anunciou que a Vodafone Portugal vai investir 125 milhões na expansão da rede a 550 mil casas.
Filipa Carvalho relembrou ainda o acordo de partilha de 450 casas entre a PT Portugal e a Meo assinado no ano passado. E "foi com algum desagrado que percebi as palavras do Paulo Neves (CEO da PT) que iria avançar com o investimento num módulo solitário".
Recentemente a PT anunciou que iria alargar a sua cobertura a mais três milhões de casas nos próximos cinco anos.
No âmbito da parceria assinada há um ano, "todos estes pressupostos se mantém válidos e actuais. Qualquer acordo que a Vodafone faça com qualquer entidade é para ser cumprido. E este não será excepção", garantiu.
Confrontada com os planos da Vodafone em também ter anunciado um novo plano de investimento nesta área, a responsável disse que "a Vodafone gostaria o de fazer em parceria com a PT". Mas, "fiquei com dívidas se a PT queria seguir a lógica de parceria assinada no ano passado".
Marta Neves, membro do comité executivo da PT, explicou que no que toca à "validade do contrato não há nada em dívida. A PT continua a cumprir o contrato. E vamos manter".
Alem disso, sublinhou que não vê "qual a surpresa de ontem. O accionista da PT tomou a decisão de fazer um investimento significativo do ponto de vista para o país. E a decisão foi tomada no sentido de ser investimento directo da Altice e da PT. Não pode ser nunca interposto que o que está no acordo seja impeditivo de qualquer uma das operadoras poder tomar uma decisão de investir sozinha", detalhou.
Apesar de reafirmar que a decisão que foi tomada pela PT foi neste sentido, Marta Neves adianta que "não afastamos futuramente tomar uma decisão diferente".
Face a estas declarações, a responsável da Vodafone recordou que este acordo recebeu luz verde quer da Anacom quer da Autoridade da Concorrência. E concluiu: "Fico agrada por ver que a PT também quer cumprir".
Publicação: Jornal de Negócios / Telecomunicações - 26 de Novembro de 2015.
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